Um dos maiores questionamentos por parte dos pacientes é a presença de dor articular (ATM) pós-ortognática. Claro que aqui iremos falar sobre a dor articular que é a mais preocupante e que deve ser diferenciada da dor muscular que é mais facilmente controlável.
Se a dor articular pós-cirurgia ortognática já existia no pré imediato da cirurgia e não foi abordada adequadamente, a condição para tratamento nesta situação é a mais desfavorável.
Neste momento solicitar uma tomografia da ATM e avaliar exames prévios na busca de alterações no posicionamento condilar intra-articular com deslocamento do côndilo e compressão da fossa glenóide, concluem que essa esteja relacionada a um erro no posicionamento transoperatório do côndilo mandibular.
Adicionalmente, o mesmo exame pode revelar áreas de estrutura óssea não reparadas (ausência de corticalização condilar), que deixam as articulações mais vulneráveis a reabsorções.A primeira abordagem da nossa equipe é a tentativa através de elásticos intermaxilares descomprimir o côndilo mandibular e a aplicação de medicamentos que ajudem no processo de reparo ósseo do côndilo articular.
Muitas vezes também esse deslocamento e compressão acentuam/ causam dor muscular que quando concomitante, deixa o quadro de maior dificuldade de resolução, uma vez que esse conjunto pode levar a algum tipo de neuro desregulação central com desenvolvimento de dor crônica.
Nos casos em que existiam dores prévias, porém as mesmas foram tratadas e estabilizadas com evidente reparo ósseo condilar e no pós-ortognática, dores articulares começaram a estar presentes, as imagens novamente devem fazer parte da avaliação diagnóstica na detecção da presença da compressão condilar devido ao errôneo posicionamento condilar trans operatório.
A aplicação de elásticos com vistas a descompressão condilar e medicações estabilizadoras com a aplicação de placas rígidas intermaxilares fazem parte do arsenal e claro devem ser avaliadas caso a caso.
A maior questão além do adequado posicionamento condilar está nas condições da estrutura óssea condilar em suportar as modificações cirurgicamente impostas pelos movimentos cirúrgicos dos maxilares, ou seja, quanto menor a estrutura óssea condilar e maior os movimentos, maior o risco de problemas articulares sendo que côndilos bem cicatrizados e bem posicionados no interior da cavidade glenóide apresentam um excelente potencial de reparo.
Algumas filosofias de tratamento impõem de maneira as vezes um pouco agressivas a substituição articular total pré ou no momento da cirurgia ortognática com próteses de ATM que são fabricadas exclusivamente para a anatomia do paciente. Estas são indicadas pelo fato de que dariam maior estabilidade as modificações dos maxilares.
Em minha opinião, o que é relevante é a posição condilar sem preocupação alguma com a posição do disco articular em articulações funcionais e assintomáticas. Sendo assim o fator-chave para não ter dor articular pós-cirurgia ortognática é não haver dor pré-cirurgia e saber que cirurgia ortognática não cura a dor e sim, pode levar a dor articular com quadros de difícil resolução.
Se você for submetido(a) a cirurgia ortognática e tem dor diagnosticada como artralgia, a mesma deve ser controlada e adequadamente abordada antes da cirurgia ortognática.
Dr. Pablo Leite (CRO/SC 6944)
(47) 9 8864-0770
Rio do Sul e Blumenau